Em maio de 2023, o Exomars Trace Gas Orbiter (TGO), da Agência Espacial Europeia (ESA), enviou um sinal para a Terra enquanto orbitava Marte. O objetivo era simular uma possível transmissão extraterrestre e envolver cientistas cidadãos na tentativa de decifrá-lo. Este projeto inovador, chamado “A Sign in Space”, inspirado pelo livro Cosmicomics, do escritor italiano Italo Calvino, buscava explorar como a humanidade reagiria a uma mensagem alienígena. Com apoio do SETI Institute, Green Bank Observatory e Istituto Nazionale di Astrofisica (INAF), essa experiência ganhou a atenção do mundo científico.
Após interceptarem a mensagem, observatórios de rádio trabalharam para extrair dados iniciais, tarefa que envolveu mais de 5.000 cientistas cidadãos globalmente. Ao longo de um ano de tentativas, a dupla americana Ken e Keli Chaffin conseguiu, por fim, decifrar o código, revelando um conjunto de cinco agrupamentos de pontos brancos e matrizes que formavam padrões semelhantes à estrutura celular – sugerindo indícios de vida.
1. O Contexto e a Missão do Projeto “A Sign in Space”
Liderado pela artista e operadora de rádio Daniela de Paulis, em colaboração com cientistas do SETI e ESA, o projeto tinha como objetivo envolver o público na decodificação de sinais extraterrestres. Daniela e um grupo de astrônomos criaram uma mensagem codificada, que foi então transmitida pelo TGO para simular um sinal alienígena. A intenção era avaliar a resposta humana e nossa capacidade de decodificar uma mensagem desconhecida. Após sua transmissão, a mensagem foi recebida em três observatórios de rádio na Terra, e começou o esforço para extrair o conteúdo.
2. Decifrando o Sinal: O Trabalho dos Cientistas Cidadãos
Após a extração do sinal bruto, iniciou-se um esforço coletivo para decifrá-lo, com a participação de milhares de voluntários ao redor do mundo. Esse esforço culminou na notável contribuição de Ken e Keli Chaffin, pai e filha, que após diversos dias de simulações conseguiram revelar a mensagem: uma imagem composta por cinco agrupamentos de pontos brancos, semelhante à representação de aminoácidos, as bases essenciais da vida.
Ken relatou que a imagem continha cinco aminoácidos em um formato que, possivelmente, seria universalmente reconhecível. A técnica que ele utilizou envolveu o uso de um autômato celular reversível de blocos 2×2 Margolus, com uma regra de rotação específica. Esse método permitiu projetar as informações tridimensionais do sinal para um plano 2D, revelando a imagem.
[Imagem 3: Representação dos aminoácidos decodificados, exibindo os elementos como hidrogênio, carbono, nitrogênio e oxigênio]
3. A Estrutura Molecular Revelada: As Bases da Vida?
A imagem decodificada revelou os aminoácidos por meio de agrupamentos de pixels que representavam números atômicos e ligações químicas. Ken explicou que os blocos de pixels continham números entre 1, 6, 7 e 8, correspondentes aos números atômicos de hidrogênio, carbono, nitrogênio e oxigênio, elementos essenciais para a vida. Essa organização visual e lógica parecia ser uma tentativa de comunicação universal, ilustrando moléculas orgânicas fundamentais.
Segundo o método de Ken, o autômato celular utilizado permitia transformar o “mapa estelar” dos pixels em diagramas moleculares e, depois, revertê-los para o mapa original. Esta descoberta deixou claro para Ken e para sua filha que a mensagem era algo extraordinário e plausivelmente ligada a um conceito de vida.
[Imagem 4: Ilustração de moléculas de aminoácidos, com conexões e ligações entre os átomos, para representar visualmente o conteúdo da mensagem]
4. A Imagem e a Próxima Fase do Projeto: Interpretação
Após decodificar a mensagem, a equipe de Daniela de Paulis e outros cientistas observaram como os cientistas cidadãos contribuíram para o processo de decodificação. O próximo passo envolve interpretar o verdadeiro significado da mensagem. Seria uma tentativa de comunicação, um exercício de intercâmbio cultural ou, talvez, uma ameaça? Estes são questionamentos abertos, que os cientistas e o público em geral continuam a explorar, inclusive no canal do projeto no Discord, onde métodos de análise são compartilhados para que outros possam replicar e verificar os resultados.
5. Humanidade e o Contato com Vida Extraterrestre: Estamos Prontos?
Este projeto experimental é uma das primeiras tentativas sérias de preparar a humanidade para um possível contato alienígena. O trabalho de Ken e Keli Chaffin destaca o potencial dos cientistas cidadãos para enfrentar desafios científicos complexos e inovadores, revelando uma possível estrutura de vida que seria compreensível em um contexto universal. A iniciativa de “A Sign in Space” é mais do que um exercício de decodificação – é uma oportunidade de questionar nossa prontidão para um encontro de primeiro contato e para interpretar sinais que podem vir do cosmos.
Conclusão: O Que o Futuro Reserva para a Exploração de Sinais Extraterrestres?
O projeto “A Sign in Space” apresenta um marco significativo para a exploração de sinais extraterrestres, conectando milhares de cientistas amadores e profissionais em torno de uma única mensagem. A descoberta de um “sinal de vida” dentro de um experimento controlado levanta questões sobre a verdadeira capacidade de nossa civilização para lidar com uma mensagem real do espaço. Essa experiência sugere que, com a colaboração global, podemos, um dia, estar prontos para decifrar e entender o desconhecido.